segunda-feira, 15 de março de 2010

Boas notícias para pessoas que adoram más notícias

Às vezes, a cultura dos jogos de vídeo não se faz apenas de notícias desanimadoras. Para contrabalançar a análise tragicamente realista do Rui, resolvi resumir numa lista de tópicos o que considero ser um período bastante decente que se aproxima a passos largos:


  •  Limbo e The Misadventures of P. B. Winterbottom partilham uma sensibilidade estética distinta e apurada, assim como um gosto por conceitos de gameplay, digamos, cerebrais.


  •  Os carismáticos Sam and Max voltam para uma terceira temporada com The Devil’s Playhouse e prometem homenagear os episódios da Quinta Dimensão com o seu típico humor desvairado, escrito com muita sagacidade.


  • L.A. Noire que, numa primeira instância, parecia ser mais um clone redundante de GTA, pode vir a ser uma experiência de época muito interessante na forma como captura o molde dos policiais hard-boiled. Apesar de os criadores já terem afirmado que não se trata de um jogo de aventura, espero que haja bom senso e o produto final consiga apresentar uma harmonia saudável entre a acção e o trabalho de detective mais cadenciado.


  • O mítico The Path, para celebrar o seu primeiro aniversário, será relançado numa versão especial em USB acompanhado de making of, traduções actualizadas, entrevistas e detalhes sobre a banda sonora.


  • 3D Dot Game Heroes, um exercício de estilo vanguardista que simetriza o Legend of Zelda da NES (assim como Van Sant replicou em forma de instalação artística, incompreendida, o Psycho do Hitchcock [e sempre que comparo filmes e jogos sai disparate]), irá com certeza fazer delirar os fãs da série e os desejosos de sensações 8-bit experimentais – e já tem versão europeia. O facto de ser criado pela From Software, que lançou o ano passado o fabuloso e austero Demon’s Souls (e sempre que penso neste título chego à conclusão que é dos melhores jogos que joguei nos últimos anos), garante, quase sem dúvida, excepcionalidade.
Com vêem, nem só de óbitos tristes se faz o mundo dos jogos. Continua a haver esperança – e Heavy Rain já vendeu 700 000 cópias.

7 comentários:

  1. Hehe, boa José!

    Vou contrapor com o meu habitual pessimismo e sentido de mau humor:

    Limbo - as últimas previews dão conta de um humor negro a roçar o grand guignol (em claro contra-ponto com a sua subtileza temática e ambiência estética) que tem feito as delícias dos media americanos, e se eles gostam...

    P.B. Winterbottom - neste nem eu mexo, se bem que chega tarde e pós-Braid ;)

    Sam and Max - o teu amor pelo género da aventura clássica é louvável. Pena não o partilhar nestas instâncias :D

    L.A. Noire - estás a cantar vitória antes do tempo!!!!

    The Path - e para quando a sequela?

    3D Dot Game Heroes - Eu adoro a From Software, mas não percebo este jogo. Parece-me revisionismo no seu pior - com auto-ironiazinha e estética revivalista de faz de conta - não seria melhor uma re-interpretação de Zelda de forma similar, e desenhando um paralelo um pouco rude, à de "Demon Souls" em relação do RPG clássico? Não consigo imaginar como estes cubos "engraçados" nos poderiam fazer voltar sentir o espanto, admiração e sentido de descoberta que tornaram Zelda uma referência na nossa infância.

    Heavy Rain - já só falta um milhão (?) para não dar prejuízo, está quase!!

    Um abraço!

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  2. You crack me up, Rui. :) E como estou sem energias, concentro-me apenas no teu último tiro.

    Em defesa da From Software, o 3D Dot parece-me um sidestep perfeito e desanuviador à dedicação colossal empregue no Demon's Souls (e se pensares bem, Demon's Souls é o verdadeiro Zelda adulto - aquilo faz-me lembrar tanto o Adventure of Link). O jogo parece ser mais do que metalinguagem e reinterpretação de códigos, mas mesmo assim, não vejo qualquer problema neste tipo de "remakes". No cinema fazem-se e podem correr bem. Até na pintura: Las Meninas de Velazquez > Las Meninas de Picasso (e lá estou eu com as comparações absurdas).

    Contactei há pouco o compositor da injustamente pouco apreciada banda sonora do Demon's Souls. Ficou de confirmar com os produtores se podia responder a algumas perguntas. Se se possibilitar, voltas cá para sugerir questões.

    Good to have you here

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  3. O Shunsuke Kida concedeu-me a entrevista. :D Se tiverem perguntas, escrevam-nas aqui.

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  4. Boa, boa notícia, é o Demon Souls sair cá ;) Eu não disse que mais tarde ou mais cedo ele daria um saltinho atlântico?

    Congrats pela entrevista. Fico à espera por ler essa maravilha!

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  5. Bah, não te vou poder ajudar nos servidores europeus. Faz-te um favor e explora-o o mais "às cegas" possível.

    Que inveja, jogar Demon's Souls pela primeira vez. :P

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  6. Eu sei. A questão é: segundo sei de pessoas que já jogaram o jogo, é quase impossível tu jogares com pessoas que conheçes. O jogo em si não forneçe qualquer estrutura de relacionamento no espaço online que permita entrar num servidor com os teus "amigos", e já sabemos quais as limitações da PSN nesse domínio.

    Por falar nisso, dá-me o teu login da PSN, pode ser que nos possamos encontrar por lá! :D

    Não creio que vá achar assim tão extraordinário, lembra-te que já joguei alguns "King's Field" no entretanto.

    Abraço!

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  7. Não é impossível, de todo. Trocam-se um par de mensagens e define-se um local no jogo onde possas deixar/utilizar um sinal (devido ao sistema «human/soul form»). Digo-te que o venci (três vezes!) com a ajuda recorrente, e planeada, de um tipo que me invadiu o jogo como Black Phantom. Faz-se, sem grandes problemas, a sério.

    psn id: ckzatwork

    Estou deslumbrado com o Wipeout HD. Ainda não me aventurei pelas corridas online, mas se o tiveres, podemos fazer uns torneios. :P

    Acredito que, ainda assim, o vais achar extraordinário. Hehe. A música, a austeridade, o medo, a estratégia e as animações vão-te deixar impressionado. É hipnótico, pá. Conhecendo-te já um bocadinho, não tenho grandes dúvidas. Pelo que já li e vi dos King's Field, DS parece-me significativamente diferente. Depois dizes-me qualquer coisa. =)

    Abraço!

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